Curtinhas do Knight.

    Minha reação após perceber o possível golpe que caí

    Estava indo à academia, quando, de repente, um rapaz baixinho, voz pré-púbere, cabelo enrolado e curto, baixinho, típico sojado acima do peso, atravessa a rua para falar comigo. Não lembro o diálogo exato, ele mudava a forma de falar e o que falava de forma tão frenética e organizada que além de não entender a situação, deixava-me completamente aberto e amistoso, para não dizer manso. Pelo menos lembro a ordem com que certas partes aconteceram.

    Ele atravessa a rua para me abordar especificadamente(embora estivéssemos no centro e cheio de pessoas), o garoto mesmo disse isso em um dado momento, de uma forma diplomática.

    Se aproxima pelo meu lado direito.

    Inicia a conversa com uma pergunta que só tem sentido fazer caso conheça a pessoa. Não lembro o quê exatamente foi muito rápido, mas pense comigo, "Eae, cara, quanto tempo, não disse que ia comprar o doce?", faz algum sentido perguntar isso a um completo estranho? Eu tentei lembrar se o conhecia de algum lugar, o que me deixou com a cabeça distraída, imagino que ele tenha percebido minha confusão.

    Rapidamente, não me deu tempo para pensar, o rapaz mostra a caixa com dois doces faltando.

    Continuo sem entender a situação, ainda estava tentando reconhecê-lo e entender o que ele queria falar, se era algo pessoal ou o quê.

    "faltam só dois para eu ir pra casa", diz isso enquanto coloca uma expressão de pidão no rosto.

    Mexe nos doces e faz pequenos movimentos de entrega enquanto fala, como se pegasse para dar na minha mão. Vira a caixa para mostrar que está quase vazia.

    "Compra pra me ajudar, pra eu poder voltar pra casa"

    "Te vi do outro lado e sabia que você era a pessoa certa pra me ajudar, atravessei só pra falar contigo".

    Nessa hora a confusão tinha ido embora.
    "Olha, não tenho troco, apenas uma nota de 50(ia comprar shampoos)"

    "Não tem problema, eu troco", fala com aquela tom de voz como quem diz "não se preocupa, relaxa, isso não é problema".

    Embora eu soubesse que não o conhecia e que ele só queria vender os doces, a forma como ele falou e a confusão que gerou na minha cabeça me deixaram mais propenso a comprar. "Por que não levar, falta pouco pra ele ir para casa, coitado"...Levei dois doces de goiaba.

    "Muita saúde pra você e sua família", ele diz.
    Quando atravesso a rua, olho pra trás e vejo ele no banco. Uso óculos, porém tenho quase certeza de que vi ele colocando mais doces na caixa.

    Só que, independentemente de ter sido uma venda muito bem arquitetada ou não, aprendi lições valiosas nisso tudo.
    Primeiro: ele não me escolheu à toa, deviam ter facilmente umas 25 pessoas em um raio de 20 metros. Ele focou a venda do produto em um alvo que tinha mais chances de dar certo, no caso eu. Quando vou à academia, uso roupas largas e minhas costelas, por ainda serem protuberantes em certos pontos, dão a impressão de que tenho uma barriga, não raro eu ando com a cabeça baixa e ombros para frente. Óbvio, um trouxa como eu é muito mais propenso a comprar algo. 
    Lição aprendida: todo produto, por mais simples que seja, tem um alvo. Se não tem não vende. Aqui na minha cidade, tem uns moleques todos sujos, não aparentam tomar banho, que tentam vender bala sem focar em alguém específico, abordam os transeuntes sem exceção... o resultado é que ninguém os suporta.

    Segunda: linguagem corporal é extremamente importante, isso vocês já sabem. Se estivesse de cara fechada, cabeça erguida, ombros na posição correta, duvido que me pararia.




    Para resolver esse problema, estou lendo o livro "The definitive book of body language". Recomendo a todos, é muito interessante como gestos simples, cotidianos e que muitas vezes não prestamos atenção guardam significados profundos.

Música de hoje:

Descoberta recente

O layout do texto me parece confuso, me digam o que acham, qualquer coisa eu edito.
Fora isso, pretendo aderir ao horário da galera e postar aos domingos, preciso organizar isso aqui direito.